quarta-feira, 29 de outubro de 2008

En.

Era quente, frio ,arrepiava e tinha um sorriso malandro.
Tinha feridas nos dedos e pulsos cortados.
Escrevia na pedra e sorria para o quadro.
Com o cabelo rapado, doce até aos pés, pele com relevo irregular.
Tinha lábios viscosos e carnudos, mas nem por isso deixam de ser agradáveis de beijar.
E beijinhos?

Voaram…

sábado, 25 de outubro de 2008

D. Pombinha

Espreitei o teu sinal vermelho atrás da orelha. Ele sorriu, convidou-me para um chá e ofereceu-me biscoitos.
Deu-me um saco de água quente e aconchegou-me num cobertor com um beijo de boa noite.




A Passarinha Voou.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Zé Boné.

Escorregas como manteiga entre os dedos. A única coisa que consigo apanhar é um leve e doce cheiro a coco, quer dizer parece coco mas acho que não é.
Entra subtilmente pelas minhas narinas.


Caí.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O Fraseado foi-se.


Acabou de fechar, perdeu o interesse, o sentido.
Ficou doente, está manchado, podre, gasto.

FIM.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Marioneta da Silva.

Com curvas mal definidas e tortas com chocolate e morango.
As pernas bem torneadas, os seios parecidos com duas laranjinhas verdes.
Lá vai ela com a sua subtileza irritante. É mais virgem que a Nossa Senhora.
De vez em quando presenteia-nos com um sorriso tímido. No outro dia solta uma carícia, com sorte um beijo suave na face.


Ginbras,Puggs,Seringas,Peggs.

sábado, 11 de outubro de 2008

Mastro

Nem pessegueiros, nem pessegueiras fazem milagres quando há almas rezingonas que trituram o coração dos outros.
Com restos de corações ,fazem um apetitoso arrozinho de cabidela.
Dentro do tacho ouvem-se as vozes exaustas de tanto gritar, guinchar, cansadas de gastar pacotes de rebuçados de mentol para recuperar a voz.
Mas há sempre um copo de água para não deixar queimar o arroz.



Entrei muda e saí calada.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

NÃO.

São maltratadas(porque querem), acorrentadas á dor e ao prazer, crucificadas com a saudade.
Amamentadas com suplementos energéticos, sedadas com tudo e mais alguma coisa.
Umas fogem, outras voam, outras pensam que são Monstros&Companhia.
O Bicho está peludo com pulgas e carraças, no fundo fazemos uma vida a dois, somos cúmplices. Somos gémeos siameses.
Ele ou Ela já não consigo descodificar o seu sexo, a sua origem.
Só sei que NÃO TE QUERO, tu és um(a) filha da mãe.
Vai-te triturar, empanturra-te com comida, chora sangue, mas POR FAVOR deixa-me viver.
Não me lembres que existes que tens cor ,que és palpável .Não quero saber se tens 1.90m e que pesas 20 kg, se tens pelos nas costas; feridas no rabo tonturas, desmaios e dores nas pernas.
Só quero que morras e que não me mates a mim que sou pequenina.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Ritual.

Andei, andei como todas as sextas feiras , passei pela senhora que cheirava a naftalina até ao pescoço.
Catrapisquei o rapaz do costume , passei pela montra das calças que põem o rabiosque para cima. Corri para o mendigo pus-lhe uma moeda na boina e ofereci-lhe o meu bolo de arroz .
Passei pela Moisés ,e mais uma vez ,não consegui fazer o furo na orelha.
Vi uns namoradinhos na troca de carícias e beijos linguarudos que empatavam o trânsito e que me arrepiavam, o que fazia com que eu idealizasse beijos e carícias.
Afinal, não há nada para idealizar, é só um contacto labial que arrepia ou não.
Não sei , nem me esforço para saber se dói ,se arrepia se o coração começa a bater, se os intestinos mudam de sitio, se os seios aumentam ou diminuem.
Á medida que ia andando os seios aumentavam ,parecia que iam rebentar a qualquer momento, ainda por cima tinha-me esquecido do espalmador de seios.
O rabo cambaleava ,docemente, os olhos esperavam cansados ,pelo João Pestana, o cabelo já dava sinais de uma certa oleosidade.



Cheguei.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Pedra.

Quando ela vai, eu fico, espero com um sorrisso desfeito em grãos de areia; quando ele olha eu dou-lhe um sorriso envergonhado.
Quando eu me depilo, ela tira a pele.
Enquanto ela chora eu riu-me de dor.





Pedra.