quinta-feira, 26 de junho de 2008

Tráfico de Sentimentos

Deixei-me absorver por tudo o que me rodeia, sou uma esponja sebosa.
Algo morre em mim, és tu Mi Paloma, fechada no mármore preto que tens como casa.
Tento satisfazer-te com sortidos de flores que decoram a tua casa.
O teu condomínio parece um campo de concentração ,vazio que convida a uma morte lenta.
O telefone toca desesperado e com sentimentos de culpa. Á espera da tua voz aguda e das minhas respostas tortas e direitas, dependia como o meu organismo reagisse á tua voz, por vezes levavas-me á exaustão que me fazia deitar no tapete da entrada a ouvir…

Beijo imaginário

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Goma solitária.

Espécie de gente identificável, estranhamente preocupada com o seu permanente estado de incontrolável sensibilidade e brutalidade.
É um duplo estado de absoluta instabilidade.
Crónica e avançada, nem o remédio dos ratos a salva.
Saborosa quando está quente, arrepiante quando está fria.
Nas horas vagas divirto-me a matar formigas, aproveito e mato a saudade que é arrepiante com aquele cheiro e sabor característico que uma boa saudade deve ter.
Cão fedorento. Tens o sabor da saudade e o cheiro de uma confortável sanita.
Procuro a todo custo a minha gazela anoréctica que está perdida no vale dos ovos.
Instável mas saborosa.
Despeço-me de forma sonolenta mas não deixa de ser doce e carinhosa.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Nuevo.

Observei obsessivamente todos os corpos que me rodearam, isto porque vou mudar de corpo.
Não vou fazer nenhuma cirurgia estética mas tive de consultar o catalogo de formas femininas, para ter uma noção de como vou ficar.
Vou dormir durante uns meses e quando acordar, vou ter umas lentes novas que ajudam a ter a percepção do real.
As ancas vão aumentar drasticamente, as mamocas vão ficar estranhas, o rabo não vai caber nas portas.
É com grande mágoa que me despeço do meu estado de plena e completa lucidez.
Só é pena que quando as drogas acabarem e eu deixar de estar pedrada a lucidez volte, e com ela voltas tu também, espécie de gente.
O ultimo e único abraço foi para o Piojo, que espero voltar a ver, mas agora estou entregue a mim mesma.
Tocou cá dentro quando uma simples criança me disse que eu metia impressão de estar tão magra.
A minha leve e triste existência depende de mim.
Somente eu….Estou entregue á bicharada.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

...

Perdi-me no meio dos garfos e das facas, dos pratos de sopa ,dos bifes, dos doces.
Preparei um bacalhau á Brás que se transformou numa maçã.
Fiz um arrozito, vá lá consegui comer duas colheres o resto foi para o meu cão de louça, é um dálmata adorável que trata dos restos quando tenho temor dos alimentos.
Prometo que um dia faço um bolinho de chocolate e como uma fatia. Tenho saudades daquele cheiro e sabor adocicado e ao mesmo tempo amargo.
Quero por fim ao meu contrato com as batatas fritas e com a coca cola que tanto me dava prazer beber.
Vou descobrir o sabor de uma bela bifana, um dia vou voltar a sujar os lábios com a gema do ovo estrelado.
Mentira, mentira, mentira.
Nem cães de louça, nem bacalhau, nem nada.
Escondi-me na terra dos caranguejos e das ameixas.
Por isso exijo tréguas para poder acabar com a mágoa do espelho e da balança do bacalhau.
Utopia possivél.

Mágico da realimentação da alma perdida.